31 março, 2009

Ponto.

Desde daquele dia que você me comunicou que tudo haveria de mudar, não escrevi mais uma linha. Ficava imaginando, esperando o dia que você entraria naquele avião para nunca mais voltar. Ficava pensando como iria conseguir viver sem sua voz me mostrando um mundo que não conhecia, num desses momentos me lembrei que você nunca foi exatamente meu. Mas para que todo esse drama? Suas manias continuaram comigo, o que mudou é que não vou mais esperar o teu carro passar para me pegar em casa. Não teria mesmo graça se minha paixão platônica de sete anos terminasse em casamento, não sairia sem destino e previsões futuras em noites de finais de semana. Você me falou tudo na hora certa, me falou a tempo de eu sair sem previsões futuras no final de semana, me falou a tempo de me empurrar indiretamente nos braços de outro, me falou a tempo de por um ponto final e de talvez eu começar um novo livro sobre um tema incerto e inesperado.

30 março, 2009

Prisão Própria

Ela se vê sozinha. Sentada na escrivaninha de seu quarto, estudando para a prova que teria no dia seguinte. Ou nem teria prova no dia seguinte, mas ainda assim ela está estudando. Há algum tempo que não sai de casa.
Claro, vai ao colégio todos os dias, vai para cursos uma vez por semana. Entra em contato com pessoas todos os dias, e não por pouco tempo, mas ainda assim se acha sozinha. Tem amigos, até bem verdadeiros, mas ainda assim se acha sozinha. O pior tipo de solidão, quando se está rodeado de pessoas, mas ainda assim se sente sozinho.
Daria tudo por um sorriso sincero, um ombro amigo, talvez até um ouvido amigo, para que possa lhe escutar enquanto diz algum fato banal do cotidiano, e rir. Talvez até aqueles ouvidos estejam ali, mas, não sei, alguma coisa não lhe deixa à vontade.
Procura desesperadamente uma forma de fugir dessa solidão, mas não consegue. Parece estar presa, numa cadeia. Uma cadeia chamada solidão.

14 março, 2009

Engraçado

Boate, noite de sábado. Um homem recostado no bar, tomando uma cerveja. Uma mulher chega e pede uma cerveja, recostando-se também.
-Engraçado, não é?
Ela o olha sem entender.
-O que é engraçado?
-O acaso. O destino. Engraçado, muito engraçado.
-Não entendo o que quer dizer...
-Eu quero dizer o seguinte, deve haver um motivo para nós dois estarmos aqui esta noite. Simplesmente deve haver!
-Por que TEM de haver?
-Porque é o destino! Veja bem, nós dois escolhemos a mesma boate, na mesma noite, e estamos aqui ao mesmo tempo no mesmo bar e tomando a mesma bebida! Muito, muito engraçado...
A mulher olhou para a cerveja em sua mão, e para o homem novamente.
-Eu, hein... É cada um que me aparece.
Ela se retirou e, pouco depois, outra mulher encostou-se ao lado do homem e pediu uma cerveja.
-Engraçado, não é?
-O que é engraçado?

FIM.

13 março, 2009

Dependência [4]

Pior do que o fato de depender de uma pessoa do sexo oposto, ou de qualquer outra que você sinta algo que mereça ser chamado de amor, é depender de duas, sem saber qual delas é prioridade na sua vida. Além da dependência amorosa, afetiva, existe a compulsiva não ligada ao amor e sim a um sentimento oposto. Doentia, comumente passa despercebida e maquiada pelos fatos. Quando notada, não se é dada o valor que se merece, e as pessoas que se tornam alvo por motivos corriqueiros ou reais sofrem as conseqüências quase sempre negativas. E sofrem, choram,desmaiam e se conformam com o fato de não saber se isso um dia terá um ponto final.

08 março, 2009

Dependência [3]

Dependência do meu amor não recíproco já citado acima. Dependência de escrever freneticamente sobre você, sem você imaginar. Escrevo pelo fato de saber que você não ira ler. Se você fosse ler, não escreveria mais. Esse conjunto de dependências insanas todas desencadeadas por você me fizeram quebrar uma das minhas únicas regras: não me envolver com artistas, sou artista temperamental o suficiente para um relacionamento. Então convivo com esse seu gênio forte de artista, com aquelas loucuras e bebedeiras justificadas pelo fato de você ser artista, ser artista assim como eu. Dependência das lentes da sua câmera próximas ao meu rosto. Dependência de ouvir a tua voz perguntando ao teu amigo se ele me aprovava e das minhas risadas causadas pelas suas besteiras.

07 março, 2009

Dependência [2]

Dependência, mas que palavra abominável, detestável. Sempre temi o fato de depender de algo o de alguém. Isso para mim, não estou generalizando. Preferia ser dependente química, do que viver nessa dependência não recíproca, existente só em um lado entre nós, mas que blasfêmia, mas que bobagem, quanta bobagem junta. A licença poética me permite muito mais. Pensei que fosse mais forte que isso tudo, mas não sou e talvez nunca seja, então você podia apenas me ligar pra me falar tudo aquilo que espero escutar.

Dependência [1]

Alguns anos atrás
- Vem Ca, vem! Me bota pra dormir tenho medo de trovão.
- Vai ficar tudo bem menina, ta tudo bem, se acalma
- Agora que você ta comigo... Fica aqui vai?