26 novembro, 2009

Intensidade giratória


Mas quanta intensidade,
Tudo gira com tanta velocidade.
Não me satisfaz mais essa meia metade.

Acumulo minhas horas não dormidas,
Em troca de tanta liberdade.
Quantos hematomas apareceram de repente.

Me sinto assim como num filme incoerente,
No roteiro, você veio bagunçar minha rotina
Meu horário e minha mente.

E sem acabamentos, nem cenas cortadas,
Você vira meu antídoto, compra o seu próprio veneno.
Quanto te encontro, mais fujo.

19 novembro, 2009

Só de sacanagem

Cabelos molhados, rostos conhecidos em desejos encharcados
Garrafas que prenderam nossas sanidades e nos embebedaram de alarvidades
Com seu vazio gradativo tão convidativo.
Vejo o mundo de outra perspectiva,
Turvo, colorido - um escancarado sorriso!

Olhos me enganam,
Óculos se perderam
E todas as razões se dissolveram.
Meus ouvidos não falham.
Pernas desconhecidas estão a chegar,
Se aproximar, maliciosas querendo nos enlaçar.
Intimidados com tanta libertinagem?
Sei que no fundo é apenas falta de coragem.
E desfilamos nossa sensualidade só de sacagem!

Fumaça e problemas ao vento
Corpos quente expostos ao frio do relento
Cuspindo fogo em vocês e queimando por dentro.

Por: Alana Cascudo e Lilla Fernandes (http://ocarcereprivado.blogspot.com/)

18 novembro, 2009

Pintar minha alegria

Pintei meus dois dedos de desleixo, que separavam minha raiz drasticamente da ilusão loira. Concretizei no exterior a minha mudança interior, já tão clara para quem não apenas julga me conhecer bem. Vou dormir sem hora pra levantar da minha rede, mas se minha rede falasse, não teria eu um segundo de paz, uma matraca descontrolada a berrar as aventuras do meu quarto escuro, que bom que sua mudez é concretamente materializada. Estou livre de algumas amarras. Sinto que a felicidade veio me visitar, já há algum tempo, e cada dia mostra sua verdadeira face ao encostar-se no meu nariz. No primeiro dia apenas bateu na porta, no segundo estava na sala de jantar, no terceiro no meu quarto e agora nas minhas veias, nos meus olhos, nos meus sorrisos tão espontâneos. Sei que um dia vai embora, sem avisos prévios, não mandara nem sequer telegramas por um bom tempo. Pode me chamar de boba, mas não me importo, até gosto. Gosto dessas oscilações, dessa certeza do sofrimento, das lágrimas, para só depois vim o estágio de alegria eufórica. Espero que você não queira me prender em discursos bestas, não agora, sou bem mais má do que aparento, quando quero. Prendo-me apenas nas minhas palavras escritas, não ditas. Sou mais sincera quando finjo meu bem. Não é maldade, é sinceridade fingida.

12 novembro, 2009

Famintos...

De vocês, minha paz e abrigo
Para vocês, meu carinho e afeição.
Rótulos, não há brecha para sua indigna presença,
Temos pouco espaço e muitos corpos.
Pluralidade.
Suas carcaças nem imaginam,
O bem que me causam suas presenças,
E a dor da saudade nas suas ausências.
Minha droga, minha cocaína,
Meu vicio cheio de efeitos colaterais,
E nenhum dano maléfico.
Essa é minha decisão, prisão
Mas com a chave na mão.

10 novembro, 2009

Companhia aos meus óculos

Troquei os móveis de lugar,
Mudei os hábitos,
Substitui os vícios,
Encontrei você.

Perdi-me nos teus óculos.
Aposentei meu cigarro
Ao condená-lo a companhia fiel do falhar do meu isqueiro.
Refaço você.

Abstinência utópica desfalece nos teus braços.
Medos e receios, nas minhas caixas estão
Longe do meu alcance, os perdi.
Mas quem os levou para dentro dos teus olhos?

01 novembro, 2009

Sobre não promessas


Não te disse belas frases,
Não escutei ilusões.
Só agradáveis verdades,
Como tudo que saia da tua boca.
Que belo moço, que vento frio.
Desenfreados beijos, mordidas repentinas.

Repentino era o vento que invadiu meus cabelos,
Mas que doce voz a tua ao identificar minhas marcas.
Amparo no desenfreado desabar dos tijolos.
Complexado ser da arte de fingir sempre serei eu.

Tuas minhas histórias,
Minhas tuas cicatrizes,
Sem fim será nossos olhares tão falantes.

Queria rasgar tudo isto aqui,
Pois não mereço ser lida por ti.
Não fumarei perto dos teus pulmões, meu querido,
Posso despertar minha vontade destrutiva.
Já estou a queimar tudo, mas que mania.
Isqueiro rosa entre os dedos,
Sinto fogo,
Pedaços de papéis querem falar em mim.