15 setembro, 2009

Romance

O filme ‘romance’ mistura a magia do teatro com uma paixão avassaladora entre os personagens de Ana (Letícia Sabatela) e Pedro (Wagner Moura). Os dois são atores que vivem a triste historia de Tristão e Isolda nos palcos do teatro, mas o que era apenas uma interpretação se entrelaça nas suas vidas reais, por maus entendidos acabam se separando. Se encontrando anos depois quando Ana, agora famosa atriz de TV, faz com que Pedro seja chamado para dirigir um especial da televisão. O especial é mais uma vez a milenária historia de Tristão e Isolda, adaptada para o sertão nordestino, fazendo paralelos e ligações entre os personagens e suas realidades nas duas situações.
Com a direção de Guel Arraes, que já dirigiu outros filmes como “O auto da compadecida”. Faz com que “romance” não arranque apenas risadas do público como um verdadeiro encantamento pela sua visão do mundo artístico e lírica do amor entre os personagens.
Grandes atores ainda consagram ainda mais o filme, como Wagner Moura, ator versátil que já fez o longa “tropa de elite” à uma mulher no seriado “sexo frágil” da TV globo, mostra mais uma das suas fases de cameleão.
Romance é sem dúvida um dos melhores filmes nacionais, confira já.

11 setembro, 2009

Vontade suicida do Jack


Mato todos meus eu líricos para saciar a minha vontade suicida. Tanto drama, sempre tão temperamental instável e para quê? Sinto-me falecer a cada manhã, até que a minha companhia doce, à noite, venha me fazer esboçar um leve sorriso. Ao seu lado quero ver a lua cheia do próximo mês, para o meu mercúrio retrogrado, retroagir novamente. Vou virar colecionadora, minha primeira coleção será amostras grátis de corpos amigos, no primeiro frasco um pedaço sardento da sua bochecha. E para quê tanto drama? Eu sou a loucura do Jack, apenas.

Fotos por: Andrey Lourenço (L)
Modelos: Alana Cascudo e Lilla Fernandes.

09 setembro, 2009

Lavagem de dinheiro (Parte 2)

21/10: a reportagem que ocupava grande parte dos jornais de toda cidade chocava todos os cidadãos, com uma pergunta que intrigava a maioria: ‘qual teria sido a razão daquele bilionário que tinha tanto dinheiro ter se suicidado daquela forma?’ Havia sido encontrado morto na madrugada do dia 20 para o dia 21 num apartamento localizado num típico bairro pobre, a qual o pertencia o prédio inteiro que sempre alugou a altos custos pagos por pobres miseráveis sem opções de algo digno de ser chamado de lar, apenas moradia. Teria ingerido uma caixa inteira de remédios, que para sua infelicidade não teriam feito efeito rápido como esperava, destinado a seguir com a sua decisão pegou uma faca escondida na última gaveta amarela ovo e enfiou no órgão que ousava pulsar involuntariamente há anos, mesmo com os seus apelos e suplícios de acabar com a sua morte rotineira.
Philipe acordou às 5 horas naquele dia. Como de costume, pegou um metrô e dois ônibus até a sua longa e exaustiva carga de trabalho, onde carregava peso, concertava máquinas, fazia de tudo um pouco naquela fábrica. Estava tudo muito normal naquela quinta-feira, até aquele momento, em que o seu companheiro de trabalho e grande amigo chegou para lhe mostrar o jornal do dia, estranhando a sua semelhança com o bilionário que havia falecido na madrugada.
No mesmo instante passou na cabeça de Philipe como fosse um filme antigo, imagens um pouco embaçadas, que estavam adormecidas há tempos no seu subconsciente e resolveram lembrá-lo da sua existência exatamente naquele segundo : só podia ser o seu pai. Estava com algumas rugas a mais na foto, mas ele não podia estar enganado: só poderia ser ele. Leu detalhadamente a matéria, e agora sim tinha certeza era o seu pai, decidiu na mesma hora que tinha que ir ao enterro.
Tinha poucas lembranças do seu pai, mas pai é pai. Depois de ter levado uma pancada na cabeça há anos atrás, acordou apenas com o seu nome num pedaço de papel e um possível pedido de resgate, que nem foi feito, pois os seqüestrados tinham morrido num tiroteio horas após a sua chegada no cativeiro, teve então que se virar sozinho com lembranças vagas do passado que nunca sabia quando ultrapassava a tênue linha da doce imaginação infantil. Lembrava de algumas cenas de um senhor amável e delicado. Já tinha ido à procura da sua mãe, a qual lembrava claramente, e descoberto que a sua busca era sem razão, desiludindo desde daquele dia sobre sua família. Ela já estava de mudança, a procura de outro milionário para depenar. Seu pai não podia ter sido pior que sua mãe, não tinha como ser pior do que aquela mulher desprezível.
Foi ao enterro, e olhando ali o rosto do seu pai, ficou criando 1000 hipóteses do que teria acontecido para levá-lo a chegar ao fim, mas nenhuma chegava perto da verdadeira. Acompanhou a história toda de longe, apenas como espectador de parte da sua vida, apesar de ter aparecido tantos filhos postiços, tantas amantes que nunca teriam existido, o seu testamento era claro, e não deixava brechas: ‘o meu dinheiro vai finalmente ser usado para ajudar alguém, o próprio dinheiro que causou tantas lágrimas, agora vai causar sorrisos, que essa contradição seja feita, mesmo que agora não possa ver a vida de outros tantos mudarem com esse dinheiro, mas sei, sei que finalmente fiz algo certo, algo para tentar recompensar os outros por tantos atos egoístas da minha vida’.

08 setembro, 2009

Lavagem de dinheiro (Parte 1)


20/10: observava já há algum tempo aquela imagem refletida no espelho, com certo espanto, como o tempo poderia ter passado tão rápido? Aquele seria mesmo o seu reflexo? Não, não! Aquilo só poderia ser ilusão, ou o espelho estava lhe pregando uma bela de uma peça?
Estava sozinho na sua mansão de proporções gigantescas, feita de vidro, tão frágil como a sua vida. Não restou ninguém mais ali para lhe proteger. Apenas uma simples pedra transformaria tudo em milhões de pequeninos cacos de vidro. Foi dormir era a solução mais simples capaz de proporcioná-lo o encontro de uma vida paralela de sonhos, que não o pertencia, afinal desperdiçou os seus anos com sua arrogância, que gerava tantas futilidades. Tinha jogado o seu caráter, junto com seus princípios e seu coração na lata do lixo aos 17 anos, quando entrou numa gangue.
Não poderia usar como desculpa que seus pais eram miseráveis, ou culpar a insolente fome que corroe a alma de tantos, que as oportunidades nunca haviam surgido, pois apesar de sua família nunca ter sido rica, tinham lutado para te dar o melhor, mas ele sempre desejou mais, sua ambição o fez entrar na marginalidade tão cedo.
Tinha dito um filho, Philipe, com uma bela mau caráter, golpista, de embalagem simétrica encantadora, esse teria sido seqüestrado aos 6 anos, por um dos seus inimigos de gangues rivais. A sua capacidade de amar qualquer ser teria sido levado junto com sumiço do pequeno menino.
Acordou com uma idéia que já o atormentava a cabeça há algumas luas cheias. Passou pela sala onde uma bela televisão de plasma última geração filmava os seus passos para serem transmitidos no horário nobre para o entretenimento de empregadas entre lavar a roupa e a louça. Nas paredes, belos quadros de artistas famosos e pedaços de culturas de várias partes do mundo, porém de que tudo aquilo valia? Objetos não têm pensamentos próprios, não são a companhia humana e real que ele queria. Teriam sido comprados com o dinheiro mais miserável de todos, aquele dinheiro que além de ter derrubado árvores, matou pessoas, seres humanos, que esses sim tinham sentimentos, não são objetos, como o seu belo lustre que iluminava a sua mansão nas noites escuras.
Foi até o escritório, pegou um papel e uma caneta, escreveu então o seu testamento. Saiu de casa com pressa, não agüentava mais, precisava acabar com isto logo, precisava executar essa idéia que o atormentava, não tinha mesmo ninguém para lhe impedir.


(...)

02 setembro, 2009

feliz pertubação.

Vivo perturbada,
Como qualquer coração apaixonado.
Penso em te contar que sou sua,
Um segundo depois dispenso tudo que pensei antes.
Apostei todas as minhas fixas numa roleta viciada.
Mesmo sabendo do triste fim,
O que me importa
É a espera do prêmio ao teu lado,
É esperar que a espera não acabe.