09 dezembro, 2009

Carta do meu amor (Parte 2)

(...)

Por mais que diga e reafirme que esse será minhas últimas palavras unidas num papel para você, sei que minto. Me pediste para responder tuas confissões, com outras. Confissão número um: sempre vai existir um pedaço de ti em mim, você faz parte da minha historia, da invenção das minhas fobias, do meu vicio de ter vícios, mas me acalmo em dizer que não era como antes, vivo agora mais tranqüila do que atormentada por suas lembranças. Arranjei outros motivos para me atormentar, outras pessoas para te perder e me encontrar. Minha vida sempre foi baseada em relações fora do convencional, pitorescas talvez, se te contasse tudo que vivi nesses meses, de tudo que me libertei, tudo que senti numa intensidade que alguns julgariam deplorável, iria rir da minha imprudência jovial. Me vi próxima de pessoas que só agora fui verdadeiramente conhecer. Conheci um cara, para dizer a verdade uma dezena deles passou pela minha vida sem me deixar marcas, mas só três me desorganizaram e me fizeram desejar sua permanência após os dias. Interpretei dentro do palco e fora dele, cortei o cabelo, mudei os meus óculos, sofri com a biologia que não entra na minha cabeça, sai da fisioterapia, me adaptei a ter perdido alguém que na verdade nunca foi meu. Vivi assim, quase sem me querer, até que o encontrei, não foi programado, planejado ou esperado. Espero na verdade outro amor que balance minhas veias, mas ainda não é dele que estou a lhe relatar. O ele em questão se tornou meu melhor amigo, meu irmão, minha relação incestuosa, o limite inexistente entre a relação pessoal e profissional. Meu amor por ti nesses últimos meses diminuiu diante dos meus olhos, e da raiz dos meus cabelos. E está aqui seu pedido de reciprocidade atendido, se fosse realmente tão corajosa e impetuosa pararia de te escrever para você não ler. Não se espante meu querido se um dia encontrar sua caixa de correio abarrotada com meu antigo amor.

2 comentários:

Bárbara Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bárbara Rodrigues disse...

O texto tá bem legal, mas só uma coisa "Messes" é com um S.


rs